terça-feira, 5 de julho de 2011

Família Vicentina, pelos pobres do mundo,no mundo dos pobres.









Fonte: umbertobrito43@yahoo.com.br enviado por CMF/SSVP

A Família Vicentina do Brasil esteve reunida em Goiânia (GO), de 22 a 26 de junho de 2011, para o seu XII Encontro Nacional. Éramos 71 participantes, provenientes das cinco regiões de nosso país, representando os mais de 260.000 membros das 10 congregações, movimentos e associações a que pertencemos.

Família Vicentina, pelos pobres do mundo, no mundo dos pobres. Esse tema evidencia o sentido e o alcance de nossa identidade vicentina. Somos uma grande família espiritual e missionária, que encontra em São Vicente de Paulo sua fonte de inspiração na vivência dos valores cristãos, particularmente da caridade compassiva e operosa para com os pobres, atuando no sentido de integrar evangelização e promoção humana. Pelos pobres do mundo, empenhamos nossas vidas, habilidades e recursos, movidos por nossa irrevogável opção pelos excluídos, opção que se desdobra da vocação que recebemos de Deus. No mundo dos pobres, reconhecemos o espaço próprio de nossa atuação e o lugar a partir do qual analisamos a realidade em que estamos inseridos. Neste evento, fomos iluminados pela narrativa do encontro de Jesus com o cego Bartimeu (cf. Mc 10,46-52).

Lançamos um olhar sobre a realidade, analisando a conjuntura sócio-eclesial, a partir dos pobres. Como Jesus, ainda que em meio a uma grande multidão, precisamos manter os olhos abertos para a situação daqueles que estão sentados à beira do caminho, a fim de conhecer seus dramas, identificar suas carências e infundir-lhes esperança. Precisamos também de ouvidos atentos aos gritos insistentes daqueles que estão mendigando, implorando compaixão e solidariedade, acomodados sob o manto da dependência, imobilizados pelo desprezo, calados pelas injustiças, sufocados, enfim, pela marginalização a que são submetidos. Ao considerar os problemas que afetam a sociedade contemporânea, não podemos nos contentar com um olhar superficial, dispersivo e generalizante, nem com uma escuta distraída, ocasional e apressada. Se, por força do carisma, centramos nosso coração nos pobres, nossa atenção e nossa solicitude deverão se dirigir também a eles. Nossa preocupação consistiu, portanto, em identificar, com lucidez, esperança e vigor, os impactos da cultura, da política e da economia sobre a trajetória dos pobres. A lei do mercado domina a sociedade, a globalização neoliberal acirra o estridente contraste entre ricos insensíveis e pobres necessitados de tudo, o fundamentalismo religioso mina as bases do diálogo e da cooperação em favor de um ethos mundial. Por outro lado, vemos florescer iniciativas promissoras em vista da construção de um outro mundo possível, como, por exemplo, os Fóruns Sociais, realizados nos mais diversos níveis, arregimentando organismos comprometidos com a transformação da realidade. No interior de nossa Igreja, assistimos o enfraquecimento da densidade profética da opção pelos pobres, nem sempre assumida como exigência intrínseca de nossa fé cristológica. Renovamos o nosso compromisso com a construção de uma Igreja-Povo de Deus, sacramento do Reino e servidora da humanidade, onde os leigos e leigas tenham sua cidadania assegurada e estimulada.

Em seguida, voltamos às fontes do Evangelho e da experiência de São Vicente para haurir luzes e inspirações para nossa caminhada junto aos pobres. Antes de tomar qualquer iniciativa, Jesus sempre demonstrava grande respeito pela dignidade e pela autonomia das pessoas que tinha diante de si. A Família Vicentina tem sido chamada, com maior insistência nos últimos anos, a ouvir os pobres e a promover o seu protagonismo na caridade (promoção humana e social) e na missão (evangelização e pastoral) para encontrar caminhos novos na tarefa de transformar as estruturas que os mantém encobertos pelo manto da indigência, sentados à beira do caminho, com o seu grito sufocado. Renovamos o nosso compromisso de aproximação em relação ao mundo dos pobres, deixando-nos evangelizar por eles e criando laços de amizade e cooperação com aqueles aos quais servimos. Para isso, haveremos de promover a integração entre os nossos Ramos, unindo nossas forças e qualificando nossa presença e atuação.

À luz das reflexões tecidas neste Encontro, pudemos apontar algumas pistas de ação para os nossos Ramos e para toda a Família Vicentina do Brasil. A pedagogia de Jesus é a da liberdade do amor, que convoca ao seguimento, restitui a dignidade, compromete a pessoa, soergue do desprezo e fortalece para o caminho. São Vicente, por sua vez, convida-nos a enternecer os nossos corações e a torná-los sensíveis aos clamores dos pobres. Por isso, renovamos nossa adesão ao discipulado de Cristo, evangelizador e servidor dos pobres, e comprometemo-nos a descobrir formas criativas e audaciosas de intervenção nas mais diferentes realidades, a fim de demonstrar, na itinerância da caridade e da missão, a relevância e a beleza do carisma que nos foi comunicado.





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