Desde
o início da criação humana a figura de um Deus esteve presente no imaginativo
do ser humano. Por conseguinte a obstinação na busca de respostas que poderiam
de fato provar a existência de um Deus tem acompanhado toda à história da
humanidade. Haja vista que o conceito de criação do mundo faz alusão a um ser
divino, pois o ser humano, mesmo nos dias de hoje não consegue comprovar e
provar a existência ou não de Deus. Analisando o texto bíblico encontramos a
origem do mundo com toda a sua plenitude de vida centralizada no divino. Neste
texto, Deus o todo poderoso, é o sujeito preponderante da origem de tudo. “A
Terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus
pairava sobre as águas. Deus, disse: “Faça-se a luz”! E a luz foi feita” (Gen.
1, 1:2:3, in Castro). O ser humano viveu o seu momento crucial da sua
religiosidade durante a idade média, quando o mundo mergulhou no "tudo
pela fé", fazendo adormecer os elementos experimentais da razão. A
sociedade européia, em todos os seus aspectos, tais como: social, econômico e
político se resumiam ao crivo da igreja católica de Roma. Quando Portugal se
tornou independente em 1143, o europeu não tinha muita escolha, haja vista que
a relação com Deus estava diretamente vinculada com a igreja, ou seja, não
bastava simplesmente falar com Deus, teria que falar com os representantes do
papa, pois nesta época se fortalecia o cristianismo na Europa e o seu
representante maior era o papa. Como ementa o texto abaixo:
"Na
Europa o ser humano medieval vivia imerso no catolicismo desde o nascimento até
a morte. Todos os momentos significativos de sua existência eram marcados pela
presença da igreja, e não ser católico significava estar praticamente à margem
da sociedade. A prosperidade que marcou a alta idade média fortaleceu ainda
mais a igreja, que centralizou seu poder no papa, desafiando reis e imperadores
e provocando o movimento das cruzadas". (Grifo nosso). (Pinheiro, 22: 2002).
Os
questionamentos que produzem as mudanças de intelecto humano estão relacionados
com o contexto histórico em que ele vive, e a concepção de Deus pode variar,
tanto quanto sua aproximação de Deus. Os pensamentos que engendraram o
coloquial: "Deus criou o ser humano, ou o ser humano criou Deus", tem
seu significado típico de quem busca respostas constantemente, assim sendo o ser
humano o seu maior exemplo uma vez que estas indagações repercutem nas
transformações do meio em que se relaciona com a comunidade promovendo um lugar
mais cômodo para sua vida, a exemplo disto: desenvolveu técnicas que facilitam
tanto a agricultura quanto aos seus conceitos de cidadão. E numa perspectiva a
imagem de Deus é fundamental hoje, visto que crer em Deus significa também ter
esperança de um mundo melhor, arraigado de justiça social e igualdade para
todos.
No
início da criação a relação de Deus com os homens era visível, pois Adão
conversava com Deus como quem "troca uma prosa" com os amigos. Vale
frisar que o ser humano é a própria imagem e semelhança do criador, fato que o
aproximou ainda mais, sobre tudo no tocante a intimidade com Deus, o que o ser
humano precisava era apenas esticar o braço e ali estava, de modo que o seu
relacionamento com Deus o favorecia neste sentido, uma vez rompido, não mais o
teria. Desta feita andavam juntos, relacionamento e a posse do paraíso. No
trecho que o autor ementa:
“Assim
como a terra foi criada perfeita, também o ser humano o foi, pois Adão não
tinha um olho só e muito menos sofria de qualquer tipo de enfermidade. Não! Ele
foi criado a imagem e semelhança do altíssimo, o perfeito era em todos os
sentidos (...) A natureza colaborava com o ser humano até então, pois este não
precisava suar para tirar o fruto da terra, pelo contrário, a terra gentilmente
produzia todo o seu sustento, porque ele e a terra eram irmãos pela criação
divina. Houve então, revolta de sua parte para com o ser humano, pois este se
rebelara contra o seu criador”. (Macedo, 12: 2000).
Na
perspectiva de Macedo, a cisma entre Deus e o ser humano significava também a
perca do direto a vida no paraíso, recinto onde tudo lhe era favorável, e sua
quebra poderia de imediato a favorecer sua saída daquele lugar e por
conseqüência uma vida distante de Deus sem os privilégios que antes Deus lhe
concedia. "Hoje vemos o quanto o ser humano luta para extrair da terra o
seu pão de cada dia, muitas vezes sem nenhum sucesso, sendo por isso mesmo
tragado pela fome, miséria e desgraça” (Macedo, idem).
Na
idade média, o ser humano se aproximou de Deus, em sua maioria pela a
necessidade, como já comentamos. Os conflitos gerados então fizeram com que
pessoas almejassem o fim desse relacionamento com Deus, por conseguinte
surgirão os pensadores com suas teorias e apresentando argumentos que lavaram
as modificações na estrutura religiosa européia em consonância com as mudanças
sociais e econômicas, fato este que comentaremos mais tarde.
Nesse
intere o ser humano moderno se pergunta por que acreditar em Deus, por que deve
manter o seu relacionamento com Deus. Estas indagações surgem como reflexões
para a humanidade que se vê desnorteada diante de tantas formas de Deus. E o
encontro do materialismo fascina muito mais do que os espaços das igrejas que
pregam uma vida de renuncias em troca de uma vida eterna no paraíso, depois da
morte. Mesmo nesta assertiva o ser humano moderno busca satisfazer suas
ansiedades espirituais. Sobretudo na busca de respostas que reatem o seu elo
com Deus. Nesse pensamento Pinheiro, ementa:
“O
que tornou a religião mais enigmática ainda é o fato de que, apesar de não
entender as suas origens - ou talvez precocemente por não entendê-las, o ser
humano não consegue se desvincular do seu fascínio. Na realidade, não se tem
noticia de cultura alguma que não a tenha produzido, de uma forma ou de outra”
(Alves, 22: 1988.).
Neste
pensamento encontramos base para o que afirmamos antes, haja vista que este
intelecto nos leva a concluir que a busca constante do ser humano, perpetua
pelas respostas em detrimento da brevidade de sua vida no plano terreno. E a
incerteza da vida após a morte levou os seres humanos a postar o fim como em
toda a sua plenitude ou se lançar no ateísmo por completo, encontrando assim a
adaptação a brevidade da vida como já falamos.
O
elemento morte certamente é crucial para que o ser humano nunca se esqueça de
Deus, e é aí onde o ser humano moderno vê como resposta para a prática de sua
religiosidade – morte representa a parte da vida não conhecida. Por isso o ser
humano moderno tentou sufocar a existência teocêntrica da vida, desenvolvendo
teorias, que lhe tragam melhor satisfação para o seu ego.
Vejamos
neste trecho o que Alves comenta:
“Durante
algum tempo tornou-se moda falar no fim iminente da religião, foi proposta,
durante o século passado, a teoria de que a religião nada mais era que uma
reminiscência, que o ser humano guardava de um período primitivo do seu
desenvolvimento. Ignorando as causas reais que movimentam o universo,
assombrado pelo aspecto da morte, aterrorizadas pelos fenômenos naturais que
não podia compreender transportado para mundos estranhos, nas suas experiências
de êxtases e de sonhos – numa época anterior a ciência – o ser humano teria
sido levado a imaginar a existência de uma dimensão invisível da realidade, um
mundo misterioso habitado por deuses, demônios e espíritos e movidos por forças
mágicas” (Alves, 59: 1993).
Portanto
percebemos que mesmo o advento das teorias do iluminismo não foi capaz de
separar o ser humano de seu criador, uma vez que até o momento não houve uma
comprovação exata da existência ou não de um Deus que esta acima de todas as
coisas. Na dúvida uns apostam na prática da religião, enquanto outros tentam
encontrar a luz das teorias, uma explicação que lhes favoreça dados capazes de
embasar o seu pensamento ateu, para tanto ementa Alves, “Quando tudo parecia
anunciar os funerais de Deus e o fim da religião, o mundo foi invadido por uma
infinidade de novos deuses e demônios, e um novo fervor religioso, que
totalmente desconhecíamos, tanto pela sua intensidade quanto pela variedade de
suas formas, enche os espaços profanos do mundo que se proclamado secularizado”
(Alves, 12: 1988). O relacionamento entre Deus e o ser humano perfaz toda a
história, quando a ciência com seus experimentos, acreditam no fim da religião,
ela reaparece cada vez mais imponente. Desta feita percebemos o julgo de
consciência do ser humano em reatar o elo perdido nos tempos do Jardim do Édem.
Fonte: MARIA ZULEIDE DE LIMA NOGUEIRA - IGREJA CATÓLICA DE BARBALHA – COMUNIDADE EM AÇÃO
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